sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sentir; Sem Ti, Caio


É assim: uma dor que não faz sentido, um choro que vem sem que eu possa controlar, um aperto de mão da dor, desses dias em que a tristeza sobe os meus ombros, faz companhia. E mesmo que eu nem sequer tenha tocado teus olhos, dedos e carne nenhuma vez, sempre me vi de mãos dadas com a tua alma.

Minhas palavras são irmãs das tuas, tuas palavras me ligaram a ti do modo mais profundo que alguém poderia fazer: um conversa de almas. A minha, a tua, o nosso vazio, a nossa paixão pelo Amor, nossas sensações sempre mais fortes, nossas dores sempre mais amargas.

Como boa amiga, eu vou tentando te decifrar por todo tempo, por todo escrito, por toda vontade de ti ter comigo. E, sendo sincera, não é dor da perda que maltrata aqui, é a dor da falta, da saudade daquilo que nunca foi meu. Mas, conforta saber que de fato eu nunca te perdi se sempre posso te encontrar (ou seria me encontrar?) em cada verso teu.

Quem me dera ao menos uma vez poder dividir um café contigo.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Férias (de quem?)


Sozinha num canto à parte (da vida, das pessoas, de mim) e ouvindo qualquer coisa suave dessas que estão sempre em meus ouvidos, fujo de mim e dos meus erros ignorando tudo que costumo ser.

Sempre correndo para qualquer livro doce, qualquer palavra terna e qualquer abraço apertado que me mistura ao coração de outrem e me torne menos eu, nem que por um instante apenas.

Amei a mim mesma por tanto tempo que acabei abusando minha companhia. Exacerbei o egocentrismo e acabei por precisar dormir horas à fio porque não consigo mais ficar assim tanto tempo perto de mim.

Hoje eu só queria um dia de férias de mim mesma.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ao (com)passo de Chuva


Lembro de precisar puxar as mangas para mais perto do pulso para suportar o frio que fazia em mim nessas mil tempestades pelas quais passei. Eu não sabia como conseguir meu guarda-chuva. Então, vez ou outra, alguém me ofereceu o seu, mas sabe... Eu nunca soube andar no mesmo guarda-chuva que outra pessoa. Ficamos os dois batendo os ombros e as pernas e as idéias e as vontades e nunca dava certo: alguém sempre se molhava e então eu dizia que aqui-estava-bom-obrigada-por-isso e saia novamente pra a chuva.

Então finalmente aprendi como se conseguia um e procurei andar sempre com o meu. Sempre que a chuva vinha, o abria e me enclausurava ali. Procurava abaixá-lo de tal modo que ninguém pudesse ver os meus olhos aflitos da tristeza de não saber dividir o meu espaço com ninguém.
Permaneci assim por um tempo que nem eu saberia contar.

Veja bem, essa minha prisão em mim não significa que outras pessoas não tenham tentado me fazer dividir meu guarda-chuva com elas. Bem, o problema é que de tanto saber e demonstrar que não sei dividir minha proteção com ninguém, elas acabavam andando na chuva ao meu lado, mas nunca comigo. Aos poucos, quase todo mundo foi procurar outro guarda-chuva e o meu continuo guardando apenas a mim.

Então, as chuvas aumentaram, os raios se tornavam mais claros e os trovões mais barulhentos, as ruas cada vez mais desertas e a água cada vez mais alta em minhas pernas. Sozinha, eu aprendi a não precisar de mais ninguém além de mim. Aprendi a caminhar com as próprias pernas, as próprias convicções, os próprios sonhos.

E quando finalmente pensei que tinha me perdido plenamente dentro de mim, uma sombra arrastou-se ao meu lado. E eu ri quando vi que seu guarda-chuva era tão turvo e gasto quanto o meu. Nós dois, num mesmo passo arrastado e cansado demais de toda essa caminhada, cada qual com sua própria proteção. E aos poucos fui deixando que ele se aproximasse, embora as hastes sempre batessem umas nas outras.

Foi então, anjo, que me ocorreu a ideia de jogar fora aquele guarda-chuva velho. Eu o abaixei, coloquei-o no chão e senti os fios da água penetrando minhas vestes e meu cabelo. E descobri que gostava daquela sensação. Estendi a mão, esperando que a tua encaixasse na minha, só que pra isso tu precisaria largar o cabo do teu guarda-chuva também. Espero que largue porque descobri enfim que o segredo não é saber dividir o guarda-chuva com ninguém, mas saber com quem é divertido andar pela chuva.




NOTA; nunca fui boa com crônicas e o primeiro que leu esta não gostou. 
Como sou insistente, postei. O texto deve agradar primeiro a quem escrever, depois seus leitores. Só assim será sincero.