sábado, 24 de setembro de 2011

Meu Grito



Minhas palavras são espelho de mim. Do meu melhor e do meu pior. Melancólicas e leves, agressivas e doces, como a brisa que passa agora entre os seus dedos, seus dentes, seus cabelos. Aquilo que não fica, aquilo que não sabe ficar. Eu. Esse eu que nunca soube realmente o que quer, onde está, pra onde vai, o que deve dizer. Só sabe que em algum momento vai partir.

Tenho tentando descobrir afinal qual o meu melhor, embora meus defeitos tenha conturbado tudo. Aliás, acabei chegando a conclusão de que meus defeitos fazem parte do meu melhor. Nunca me permiti ser dramática, nem efusiva, nem qualquer coisa que não fosse próximo de tudo aquilo que eu admirei. E talvez, assim, eu moldei meu modo de ser, esquecendo de fato quem sou. Moldando-me para ser quem quero.

Não, eu não gosto de dramas, nem de escândalos, mas escrevo quase que como um grito. Talvez eu queira gritar, mas não consigo se não dessa forma. E eu assusto as pessoas assim, eu me assusto assim. Minhas palavras dão medo, são o reflexo da escuridão em mim e todo mundo sabe: ninguém gosta do escuro.

Escrever é, acima de tudo, desvendar a si mesmo. Lavar a alma com honestidade destrutiva. É ter coragem de encarar o que é há de pior em cada um e ver beleza nisso. Esse é o único modo com que eu consigo gritar, dramatizar, relaxar. Cada uma dessas palavras parecem intrisicamente ligadas a tudo que sou.

Talvez seja só isso mesmo: sou tudo aquilo que sinto, digo, penso e enfim, escrevo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Tem faltado tudo


Tenho vivívo desse amor inútil. Bebido do veneno e me alimentado da esperança de um dia te ver bater a porta. Sobrevivendo das migalhas de carinho que coletei enquanto você estava aqui. Tudo parece profundamente distante agora e eu já nem sei mais se ainda sei te sentir. Só sei sentir essa saudade nojenta, essa vontade de ficar só-um-pouco-pra-não-te-atrapalhar.

Dançando esse refrão de bolero, minha única companhia são as unhas que já roi. Só esse amor que está se perdendo entre as minhas verdades. Me falta tempo, te falta tempo, falta cada vez mais aquele nós. Se bem que esse nós não tem lutado pra ficar por perto...

Talvez seja isso mesmo: eu esteja me apegando ao que nem existe mais só por medo de precisar seguir. É que eu nunca soube lidar com finais, você e todo mundo sabem. E eu fico aqui com a única coisa que restou de nós: a lembranças das risadas entre lençóis e a saudade de você completando meu eu ao seu modo torto, mas bonito.

Então, é isso que temos pra hoje.
Engulo sem respirar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Você deveria vir aqui


Eu queria um cigarro agora. Não, eu não fumo, mas deu vontade de ter algo nas mãos que não seja essa dor aguda de beber vinho com gosto de você, e comer essa comida congelada com gosto de queria-ele-aqui e pior: tomar sorvete batido com tudo que eu queria te dizer, mas não vou. 

E porque nenhuma dessas suas vontades estranhas é uma vontade de estar comigo? Tudo bem, entendo que teu ego nunca gostou muito de mim porque estou sempre procurando meios de devastá-lo, mas veja bem: o vilão de tudo isso não sou, mas sim esse maldito sentimento que insiste em não morrer, por mais terra, ódio e orgulho que eu coloque sobre ele. 

Eu só queria que alguma hora, assim sem saber exatamente porque, você batesse aqui na minha porta e perguntasse se podia ficar. Não me importava se ficar um ou dois minutos ou entrar de vez na minha vida, com alma e coração, basta dizer que por alguns segundos estava com saudades e queria minhas unhas descascadas alinhando os sinais das tuas costas e te provocando, mesmo sem conseguir te atingir como queria. 

Eu estava certa: nunca te quis nos meus lençóis pra não precisar sentir essa vontade de te ter aqui toda hora. E porque diabos eu deixei de me proteger de você se desde a primeira vez que os teus olhos verdes de cobra estavam me levando exatamente para onde eu tinha mais medo? 

Já cansei de te procurar em outros lugares e já nem me importo com o quão nós dois não daríamos certo: a única coisa que sinceramente queria agora era que você estivesse aqui. Trás teu sorriso de covas fundas, teus olhos que mal se abrem (ou isso é a tua alma?) e vem. Só vem. Sei que (essa e aquelas) minhas palavras fortes demais te dão medo, mas você sabe que meu abraço é confortável, especialmente entre os teus braços onde por algum momento eu me sinto passageiramente feliz e protegida. 

O veneno que eu bebi dos teus lábios tem tentado me matar todos os dias. 
Preciso de outra dose, só mais uma, pra morrer enfim.


Você está sempre indo e vindo (tudo bem),
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione, eu estaria de pé, de queixo erguido.
[...] Eu não ficaria bem na sua estante. ♪

Eu estou aqui o tempo todo só você não vê.