sábado, 24 de setembro de 2011

Meu Grito



Minhas palavras são espelho de mim. Do meu melhor e do meu pior. Melancólicas e leves, agressivas e doces, como a brisa que passa agora entre os seus dedos, seus dentes, seus cabelos. Aquilo que não fica, aquilo que não sabe ficar. Eu. Esse eu que nunca soube realmente o que quer, onde está, pra onde vai, o que deve dizer. Só sabe que em algum momento vai partir.

Tenho tentando descobrir afinal qual o meu melhor, embora meus defeitos tenha conturbado tudo. Aliás, acabei chegando a conclusão de que meus defeitos fazem parte do meu melhor. Nunca me permiti ser dramática, nem efusiva, nem qualquer coisa que não fosse próximo de tudo aquilo que eu admirei. E talvez, assim, eu moldei meu modo de ser, esquecendo de fato quem sou. Moldando-me para ser quem quero.

Não, eu não gosto de dramas, nem de escândalos, mas escrevo quase que como um grito. Talvez eu queira gritar, mas não consigo se não dessa forma. E eu assusto as pessoas assim, eu me assusto assim. Minhas palavras dão medo, são o reflexo da escuridão em mim e todo mundo sabe: ninguém gosta do escuro.

Escrever é, acima de tudo, desvendar a si mesmo. Lavar a alma com honestidade destrutiva. É ter coragem de encarar o que é há de pior em cada um e ver beleza nisso. Esse é o único modo com que eu consigo gritar, dramatizar, relaxar. Cada uma dessas palavras parecem intrisicamente ligadas a tudo que sou.

Talvez seja só isso mesmo: sou tudo aquilo que sinto, digo, penso e enfim, escrevo.

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