terça-feira, 31 de maio de 2011

Por amor a Nostalgia

A idéia é só fechar a janela, mas eu sempre me deixo respirar um pouco da madrugada. As vezes eu apoio dolorosamente os cotovelos no parapeito, outras me sento ali e fico só mais um pouquinho observando minha planta feiosa e aquelas cinco estrelas - é, só cinco - que estão sempre ali, do lado direito. Não dá pra ver a lua antes das três da manhã. Não dali, pelo menos.

Há sempre música vinda de algum lugar do meu quarto.

E inevitavelmente penso nele. É, aquela ex-paixão que sentava comigo em qualquer lugar - sempre de madrugada - e fazia-me sentir a pessoa mais especial do mundo, só por ter alguém pra dividir a madrugada comigo.

Claro que eu ainda não esqueci.
Se um dia você descobrir como se deixa de amar, me avise.

Mas, não, ao contrário do que a maioria dos meus amigos deve pensar, eu não continuo apaixonada por ele. Não, isso já se foi faz um bom tempo. Às vezes me deparo perguntando se ainda sinto algum sentimento - amor, raiva, pena, qualquer um - por ele. Nunca achei uma resposta. Acho que não alimento mais nada sobre aquele amor. Nada, além dessas lembranças, é claro.

Eu continuo apaixonada pelas boas lembranças que - é, eu sei, eu sei - não vão voltar. Eu sinceramente gosto das lembranças. Não de todas, é claro, mas guardei umas realmente boas. E inevitavelmente, eu sempre associo madrugada aquela sensação de me sentir amada por ele; ao modo como eu me sentia quando ele me abraçava; ao meu riso cortando o silêncio; dele, só alguns vultos, nada demais.

Eu sinto saudades mesmo era de me sentir como eu me sentia naquelas madrugadas.
Saudades não, eu quero aquelas sensações novamente.

Só que dessa vez, eu vou fazer as coisas darem certo; Dessa vez, eu vou fazer com a pessoa incerta. Porque, é, ele não tinha nenhum defeito como a pessoa perfeita pra mim e foi exatamente por isso que não deu. Porque eu não estou procurando a pessoa certa.

Estou procurando a pessoa errada.
A pessoa errada daqueles versos tortos de Veríssimo.
Porque, pensando bem, é, olhando assim com vontade, a pessoa certa não existe.

E enquanto minha pessoa errada não chega, eu vou continuar me deixando respirar madrugadas, e sentimentos, e erros, e vontades, e toques que nunca mais serão meus, mas estarão pra sempre comigo.

domingo, 29 de maio de 2011

Outro Erro pra Coleção

E quando você vê as coisas já foram feitas e só resta catar pelo chão os restos da sua dignidade e encarar seus erros de frente, de peito, com coragem. Encarar que não existe máquina do tempo, nem reversor de bobagens e muito menos alguém pra te defender agora, exceto você mesmo.

Não sei você, mas eu costumo procurar sempre um jeito de ser a dona da razão. De fazer meu erro não parecer tão grave assim, de tentar convencer todo mundo que aquilo não é assim tão mal. Mas, na verdade, eu estou só tentando provar pra mim mesma que aquilo não é assim tão mal.

Porque eu me sinto confortável dentro do meu perfeccionismo, percebi à algumas horas. Apesar de isso me matar um pouco à todo instante, eu gosto. Chame de masoquismo, não importa, é como eu me sinto, ponto final. Eu gosto de me ter sob meu próprio controle.

E o mais importante sobre errar, é que quando você erra feio de verdade, de repente todos os outros erros também ficam claros e em meio à toda a auto-depreciação, você acaba vendo mais claramente as coisas e dando um jeito em toda aquela bagunça. Seja porque querer remediar o irremediável ou porque é isso que se deve fazer, ou porque assim as coisas não parecia tão ruins.

Sinceramente, todo esse otimismo recém-adquirido tem me feito bem. Ajuda a ver as coisas com um tanto mais de clareza. Nunca me senti tão não-plena de mim, mas enquanto eu não sei exatamente quem sou, eu posso ir inventando, posso ir errando, posso ir aprendendo. Viver é isso, certo?

Eu nunca quis voltar no tempo.
Eu nunca me arrependo do que fiz.
E eu sinceramente estou mentindo.