quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Por quantos medos é formada sua solidão?

Solidão a dois não me interessa. Jamais entenderei esses casais conformados que preferem a comodidade de um relacionamento que não os transborda. Convenhamos, não vale a pena ter ao lado gente que te preenche. Ninguém é metade de fruta alguma pra precisar de outra metade. Ninguém é incompleto. Todo mundo é corpo inteiro que precisa de outro corpo inteiro. Não que necessariamente encaixe, mas que esteja ao lado. Não uma metade, mas um companheiro.

Fiz da minha solidão uma boa companhia. Tomamos café e ouvimos algo bom sempre que posso. Não me apetece quem me tira sua companhia e não oferece uma substituta a altura. É triste imaginar uma solidão mesmo acompanhada.

Veja bem, a maioria das solidões é formada por medos. Medo de ficar sozinho consigo mesmo e descobrir coisas que nem mesmo você gostaria de saber sobre si mesmo, quanto mais que alguém saiba. Poucas coisas são tão assustadoras quando o monstro interior. Corajoso mesmo é quem conhece bem a si mesmo e aceita. Transparece.

Transferir tais medos e projetar noutro alguém aquilo que se deseja ser já matou muitos amores bonitos. O Amor é destinado, essencialmente, aos corajosos. Aos já preenchidos por si mesmos. Aos que abraçam a solidão como uma amiga. Que riem sozinhos. São esses risos que atraem. O Amor-ao-outro chega apenas quando o Amor-próprio já fez morada. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Das vielas da vida


A vida é uma encruzilhada de milhares de caminhos. Cada um deles pode ser bom ou não, depende de quem o toma. Não existe o caminho ideal, existem vontades e cada um encara determinado caminho de um jeito. Para uns o da extrema esquerda pode ser o perfeito e para outros, uma terrível chaga. Depende de que par de olhos e sensações que está observando aquele caminho. Mas, o fato é que pra viver de verdade é preciso fazer uma escolha.

O terrível fato sobre isso é o quão existem medrosos. 

O problema é que o encontro de todas as estradas está repletos de pessoas covardes que são incapazes de escolher um desses caminhos. Dessas que as vezes tomam um ou outro, mas jamais são capazes de seguir em frente de um deles até o perder de vista; dessas que não são capazes de abrir mão das opções, que querem tudo e acabam sem absolutamente nada. Mais triste ainda não é apenas sua existência, é o fato dos covardes acharem que podem deter os corajosos.

Apedrejam e desencorajam todo aquele que dê um passo, que faça sua escolha. É preciso provar seu valor pra escolher determinado caminho, para continuar nele. É preciso coragem para permanecer na escolha, para não recoar, mesmo sem olhar as pedras que eventualmente poderão atingir suas costas. 

Mas, vale a pena, se querem saber. Lá na frente os ecos das vozes dos mais covardes (e mais chatos) não são mais ouvidos. Lá na frente outras encruzilhadas se fazem, outras pessoas então paradas, mas dessa vez as opções vão diminuindo, as chances de acertar aumentam. Às vezes caminhos diferentes se cruzam, às vezes há companhia. Das boas, se você souber escolher. Mas é preciso continuar andando. É preciso merecer. Passar descalço por vales, por rios, por estradas de pedra pontiagudas. Continuar seguindo. 

A felicidade é aquilo que os covardes não tem vocação para manter. É a história daqueles que seguiram com o medo no bolso, da qual covardes só ouvem falar. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ao seu modo é sempre melhor


Não existe isso de que só um homem seja bom o bastante pra uma mulher. É ridículo pensar que apenas uma pessoa pode fazer a outra feliz por inteiro. Existem várias pessoas incríveis no mundo que vão fazer você sentir de um jeito especial, por determinado motivo. O que se deve fazer é simplesmente procurar aquele que te faz bem no momento e que sabe valorizar seus sentimentos. Aquele cujos defeitos encaixam-se nos seus, cujas qualidades sejam o motivo pelo qual você o admira.

Clichês estão por aí a todo momento tentando nos ensinar como ter um relacionamento perfeito. Não acredito em nenhum deles. Cada um deve aprender o seu modo certo de estar num relacionamento. Não existe formula que seja compatível com todos os seres humanos. Relacionamento não é tabuada onde se decora que x vezes y é igual e sempre igual a z. Relacionamento é humanas e biológicas. É psicologia, antropologia, química, biologia. Relacionamento é o seu jeito de saber dividir-se com o outro e o primeiro passo para isso é estar num relacionamento duradouro consigo mesmo.

Quebrar a cara é natural, nem sempre sabemos identificar a melhor opção. O que não é natural é persistir no mesmo erro. Não importa quantos anos se tenha ou em quantos relacionamentos você já se envolveu, o importante é tirar de cada um deles o máximo de aprendizado possível. Relacionamento duradouro é a recompensa daqueles que já sabem lidar com ele.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Livro aberto a (quase) ninguém


Não fui feita pra multidões. Vivo como que um livro exposto numa praça. Como que sempre disposta, sempre aberta a quem quiser (me) ler. Só que, embora seja um livro aberto, estou escrita numa língua que quase ninguém sabe decifrar. Uma runa antiga, tão antiga que somente este ou aquele conseguem decodificar.

Gosto de pensar que sou como os livros de Clarice: poucos leem e quase ninguém entende de verdade. Sou um mistério até pra mim. Mas, de fato, estou aberta àqueles que interesse em saber mais. E venho por anos, eu mesma, tentando me ler, pra ver se ajudo as pessoas a interagirem melhor comigo. Na maioria das vezes me perco como todo mundo.

Em essência, sinto que talvez eu não faça nem sentido mesmo. Talvez seja só um amontoado de palavras e sensações, mas que faça as pessoas sentirem de tal forma que passo certa beleza.

Um livro aberto.
Um livro aberto que ninguém consegue ler.
Um livro aberto a (quase) ninguém.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

19


O importante é que tenho braços amigos pra onde correr. E já que em lugar nenhum do mundo me sinto em casa, faço desses abraços o meu lar, que é pra sempre que me perder dentro desse labirinto imenso que sou, posso seguir um norte conhecido e fiel.

Um ano que vale por mais de dez. 
Um ano pra guardar toda a dor convertida em aprendizagem e seguir.

19, por favor, traga as alegrias e risos que o ano passado me roubou. 

domingo, 13 de maio de 2012

Dia das mães é todo dia


Segundo domingo de maio. Dia das mães. Dia de gastar até seu último centavo em algo especial para presenteá-la, de preparar a confraternização da família, de passar o dia paparicando-a, tratando-a como a rainha que ela é. E então, depois de fazer às 24hs de escravidão voluntária como manda a convenção social, tudo volta a ser como antes: brigas e desrespeito.

De que adianta, então, tirar o dia para homenageá-la?

Não deixe que apenas o calendário de festas lembre tudo que sua mãe fez e faz por você, faça isso todos os dias. Pequeníssimos gestos valem mais que qualquer presente: perguntar como foi o dia dela, ajudar a lavar a louça, saber ver quando é ela quem precisa de compreensão, procurar entender todos os cuidados e ajudá-la a cuidar de você... Tudo isso a faz entender que você reconhece todo o esforço que ela faz por você, bem como prova seu amor. E isso não tem preço.

O melhor presente que sua mãe pode ganhar é sentir-se amada. 

domingo, 22 de abril de 2012

Decisão


De verde essa cidade só tem a intenção. Toda a esperança e beleza fora asfaltada, pseudo-urbanizada, e agora padece de calor como eu e todos esses rostos que não conheço, não memorizo, não me interesso.

Então visto todos os dias a doce esperança que algo novo aconteça, que alguém interessante surja ou que pelo menos o tédio se atenue. Mas, tudo que vejo é uma repetição do mesmo, o eterno ciclo dessa vida vazia e burguesa, que não me apraz, não me dar espaço sequer para parecer aquilo que realmente sou.

Visto também a máscara da sociabilidade, a máscara de que tudo aquilo é bom enquanto sacrifico minhas atitudes tendo em mente apenas às consequências das minhas ações. "Que preço minha subjetividade pagará daqui a uns anos por toda essa incoerência?" sempre penso em toda aula de psicologia.

Isolo-me entre as paredes brancas desse apartamento, na companhia do silêncio que nem eu, nem meu hamster ousamos quebrar. É confortável imaginar que aqui dentro tudo parece tão distante lá de fora. Como se essas paredes fossem o anexo do mundo que criei dentro de mim, mundo esse onde respiro aliviada de saber que ainda existo, embora apenas dentro de mim ou dessas paredes.

Algumas vezes deixo que pessoas – dessas que me causam a impressão de merecer – invadam minha morada e minha alma. E todas às vezes as vezes partir de novo pra não voltar. Decidi então que não trarei a esse anexo ninguém que seja apenas superficialmente merecedor. Aqui agora só entrará quem de fato estiver disposto a decifrar minha alma e suas incoerências constantes e – especialmente – quem estiver disposto a usar esse conhecimento e não ir embora (tão cedo).

Termino os parágrafos e o café sorrindo, embora tamanha dor me assole, porque sei que em algum lugar desse mundo tão vasto, qual a mim, alguém me deseja decifrar e cuidar, mesmo que sequer me conheça ainda. Num mundo tão vasto e deserto como esse, há sim de haver alguém que erre como eu.