terça-feira, 23 de agosto de 2011

É mais fácil fingir


Difícil não é ter ver partir, mas mergulhar no mar de lençóis sem achar teus dedos, teus braços e teu sorriso sarcástico de quem não dá o braço a torcer. Difícil é não ter tua respiração na minha nuca e não desejar um beijo teu.

E eu finjo que não ligo enquanto você finge não se importar. E faço piadas sobre aquilo que eu sequer acho de ti só pra ver teus olhos gritando que sabem que não penso exatamente assim. Te provocar é meu hobby preferido. Atiçam minhas vontades, meus desejos de você.

Te vejo invadir minhas lembranças, vontades, desejos, casa, cama; mas não sei se quero te deixar encontrar meu coração. Ele anda tão confuso, triste e desesperado que outra ferida parece ser o ultimato. Eu não vou te deixar me magoar, apesar de também não esperar isso.

Eu te escrevi um texto e você sequer vai saber disso. Aliás, nem te deixei saber, mas eu escrevo sobre tudo aquilo que me toca, move, inspira. É melhor assim: deixar os sentimentos guardados enquanto nós nos divertimos com qualquer banalidade que não causa dor.

Até segunda ordem, prefiro fingir que não te quero aqui.
Proteger minha zona de conforto enquanto te deixo invadir meus sonhos.

domingo, 14 de agosto de 2011

Tenha dias felizes, papai

A verdade é que ainda espero todas as noites que você venha me livrar dos (meus) monstros, que os nossos raros sorrisos apareçam quando você acelera muito e o vento bate entre os meus cabelos e dentes e que de alguma forma você entenda que mesmo sendo essa completa estranha, eu te amo com o máximo que meu orgulho, mágoa e desencanto permitem.

Enquanto essa lágrimas escorrem, sempre penso na sua raiva me dizendo que pessoas fortes não choram pelos olhos. Entendi que elas choram pela alma. Acredite, papai, eu sou muito forte e a minha alma chora todos os dias. E aprendi todos os seus defeitos porque eles também são os meus, e especialmente, aprendi que apesar de tudo, você tentou ser o melhor pai do mundo, mesmo sem saber de fato como se fazia isso.

Não foi um esforço em vão, acredite.

E quando me calo nas nossas brigas ou quando me esquivo das nossas conversas, é simplesmente pra preservar esse sentimento guardado a sete cadeados que ainda me permite te respeitar, obedecer e admirar. E todos os meus esforços são pra te mostrar que eu posso ser maior do que tudo que você sonhou pra mim.

E mesmo que você nunca leia isso, só queria dizer que te amo (apesar de agora ser dificil pra nós dois acreditarmos nisso), e que ainda espero que você me livre desses monstros, porque você nunca deixou de ser meu herói, apesar de sempre parecer o vilão.


- Pai, o senhor pode acender a luz? A noite os monstros são maiores e eu não sou tão forte assim quando estou sozinha...

Eu sei que você não sabe dançar, 
E que não gosta de nada que eu costumo escutar, 
Mas, Playing with fire te diria tantas coisas 
que eu não sei dizer enquanto não me permito olhar nos teus olhos... 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Um Lugar pra chamar de meu, pra chamar de lar


Não gosto nem de olhar pra minha mala num canto - ela sempe parece me dizer que é uma hora ou outra, será a hora de partir. É sempre assim. E eu que nunca consegui me prender a (quase) nada, de repente via minha alma gritando por algum lugar que fosse meu, que eu não precisa deixar como todos os outros que deixei.

Onde estou não parece ser esse lugar.
Porque, apesar de conter tudo que sempre quis, nada aqui me atrai de verdade.
Como ter tudo que sempre desejou e descobrir que não quer mais nada daquilo.

Estou começando a cansar dessa vida de ser uma eterna turista, de ser efêmera, passageira em uma ou outra vida, cidade, lugar, estação. Comecei a desejar estar num lugar e me sentir pertencente a ele. Mas, acho que já é tarde demais, porque as luzes difusas da noite estão se acendendo e uma gota nojenta de suor escorre por trás dos meus cabelos, enquanto eu desejo outra coisa. Qualquer coisa, desde que faça parecer ser minha. Ser eu.

Tenho saudades daquilo que nunca conheci.