segunda-feira, 9 de julho de 2012

Livro aberto a (quase) ninguém


Não fui feita pra multidões. Vivo como que um livro exposto numa praça. Como que sempre disposta, sempre aberta a quem quiser (me) ler. Só que, embora seja um livro aberto, estou escrita numa língua que quase ninguém sabe decifrar. Uma runa antiga, tão antiga que somente este ou aquele conseguem decodificar.

Gosto de pensar que sou como os livros de Clarice: poucos leem e quase ninguém entende de verdade. Sou um mistério até pra mim. Mas, de fato, estou aberta àqueles que interesse em saber mais. E venho por anos, eu mesma, tentando me ler, pra ver se ajudo as pessoas a interagirem melhor comigo. Na maioria das vezes me perco como todo mundo.

Em essência, sinto que talvez eu não faça nem sentido mesmo. Talvez seja só um amontoado de palavras e sensações, mas que faça as pessoas sentirem de tal forma que passo certa beleza.

Um livro aberto.
Um livro aberto que ninguém consegue ler.
Um livro aberto a (quase) ninguém.