sábado, 22 de janeiro de 2011

Sobre o Veneno

Então, forasteiro, senta aqui comigo e minha amiga solidão.
Faz companhia que a dela não me adianta mais.

Venha nesse bar pela manhã e pedirei gentilmente ao garçom que nos traga outra dose desse veneno que chamam de vida. Desse veneno que tomamos todos os dias, apesar de não saber. Vire o copo num gole só. É, igual a gente faz com remédio. Sem respirar que é pra não sentir o gosto. Só reclame quando não puder mais aguentar. É, eu sei, o gosto não é bom, mas só leva uns segundos pra passar pela garganta. Dizem que à um gosto de mel no final de todo fel. É só uma letra, afinal.

Então, garçon amigo, tragam o sol e outra dose desse veneno, por favor, porque até agora nenhuma delas me matou e haverá sempre um gosto acre no fundo da garganta de quem vêm beleza onde só existe nojo. Por que o pior, amigo, o pior é que nenhum de nós sabe quantas doses se precisa tomar até a hora de cruzar os dedos aos da morte. Então vamos embriagados de vida por mais um dia que insiste em nascer. Dá aqui a mão que eu mal consigo andar...



27/05/2011, ignore a data aí de cima.